Inovação para uma utilização sustentável dos sistemas de refrigeração
Por: Bolívar Monroy A procura de soluções tecnológicas mais inovadoras que possam dar um maior contributo para a utilização sustentável dos sistemas de climatização e refrigeração é uma constante em toda a humanidade, os estudos da (OCDE/IEA, 2018), referem que os sistemas de ar condicionado, essenciais para fazer face a temperaturas extremas e garantir uma qualidade do ar adequada, contribuem para o aumento da procura global de energia e constituem um desafio para os sistemas eléctricos, uma vez que, até 2050, se prevê que a procura de arrefecimento de espaços triplique, sendo, em alguns cenários, o motor da procura de eletricidade até 40% e o segundo maior depois dos motores industriais. No caso dos sistemas de refrigeração, o cenário não é diferente, pois estes sistemas são fundamentais para a conservação de produtos perecíveis, segundo dados da (FAO, 2018), estima-se que o desperdício alimentar seja responsável por 8% do total de GEE (emissões de gases com efeito de estufa). Na mesma linha, (IIF/IIR, 2009) estabeleceu que uma cadeia de frio inadequada pode gerar até 23% de desperdício alimentar nos países em desenvolvimento. Para contrariar este problema, os sistemas de refrigeração estão a tornar-se um elemento-chave, razão pela qual se prevê que a utilização de sistemas de refrigeração cresça, resultando numa maior procura de energia. Da mesma forma, o (IIF/IIR, 2009) faz uma relação da quantidade de m3/1000 habitantes, onde nos países desenvolvidos é de 200 m3/1000 habitantes e nos países em desenvolvimento de 19 m3/1000 habitantes, este indicador mostra uma estreita relação entre a capacidade de conservação dos produtos perecíveis e o desenvolvimento do país.
Neste contexto, são necessárias acções para reduzir o impacto direto devido a possíveis fugas de fluidos refrigerantes e, indiretamente, devido à utilização de energia. Assim, dentro das diferentes classificações para identificar o potencial das tecnologias, os autores (Goetzler, Guernsey, Young, & Fujrman, 2016) propõem uma classificação considerando o potencial de redução direta ou indireta de emissões. No caso das emissões directas, as medidas são estabelecidas em:
- Reduzir a utilização de energia proveniente de combustíveis fósseis, tanto em grande como em pequena escala. Por exemplo, a eletrificação da produção de calor por meio de bombas de calor, o armazenamento de energia, a utilização do hidrogénio como combustível, etc.
- Redução das cargas através da melhoria da envolvente, da bioclimática e da utilização de ambientes verdes.
- Utilização de sistemas avançados de compressão e de eficiência energética, apoiados por sistemas de medição e controlo.
No caso das acções de controlo direto das emissões, as acções estão relacionadas com:
- Utilização de sistemas de refrigeração com fluidos refrigerantes de baixo e muito baixo PAG
- Melhores práticas de manutenção e funcionamento do sistema
- Melhoria das competências dos técnicos e engenheiros, complementada pela utilização de ferramentas e aplicação das melhores práticas nos sistemas RAC.
No entanto, os cenários são ainda mais desafiantes, e é aqui que as soluções que integram a redução das emissões directas e indirectas são vitais para se conseguir uma utilização sustentável da refrigeração, onde se destacam melhores materiais, elementos construtivos com melhores características termodinâmicas, sistemas de refrigeração sem compressores, utilização de ferramentas como o BIM, IA e realidade virtual para evitar desperdícios de materiais e controlo da execução dos projectos, conseguindo sistemas de refrigeração e climatização com maior fiabilidade e ajustados à procura real dos utilizadores finais destes sistemas.
Bibliografia
FAO. (2018). O Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo. Retrieved from https://www.fao.org/3/i9553en/i9553en.pdf Goetzler, W., Guernsey, M., Young, J., & Fujrman, J. (2016). O futuro do ar condicionado para edifícios (No. DOE/EE-1394). . Burlington, MA (Estados Unidos): Navigant Consulting, . IIF/IIR. (2009). The role of refrigeration in worldwide nutrition (2009), 5ª Nota Informativa do IIR sobre refrigeração e alimentos. Obtido em%20and%OCDE/IEA. (2018). O futuro da refrigeração. Obtido em https://www.iea.org/reports/the-future-of-cooling